Como parte do seu compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050, anunciado no ano passado, a siderúrgica ArcelorMittal acaba de lançar o projeto global XCarb™, que reunirá todas as atividades e os produtos de aço fabricados com baixa ou nenhuma produção do gás, bem como iniciativas mais abrangentes e projetos de inovação verde.
“Com essa marca umbrella, o objetivo é evidenciar para a comunidade em geral as ações que estão sendo desenvolvidas para reduzir as emissões neste período. Ainda temos um longo caminho e sabemos que enfrentaremos momentos intermediários nesse processo, de acordo com a evolução das tecnologias”, comenta Guilherme Abreu, gerente-geral de Relações Institucionais e Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.
Por enquanto, três ações fazem parte da XCarb™. São elas:
– Certificados verdes para aço
O executivo comenta que a companhia já tem investido em uma ampla gama de iniciativas para reduzir as emissões de CO₂ em suas unidades ao redor do mundo – entres as principais estão as de Smart Carbon, que consistem no uso de substitutos do carvão fóssil, como o vegetal (no Brasil) e o bio-carvão (na Europa), e na captura de gás de alto-forno rico em CO2 para ser convertido em bio-etanol.
Com isso, o aço produzido através delas é comercializado como zero carbono e tem certificação verde. “Quando o cliente compra esse produto, ele reduz suas emissões de CO2 Escopo 3, que são aquelas fora do seu controle, do seu processo propriamente dito”, explica Abreu.
A ArcelorMittal antecipa que terá 600 mil toneladas equivalentes aos certificados verdes de aço até o final de 2022.
– Aço produzido de forma reciclada e renovável
Tradicionalmente, a indústria do aço possui duas grandes rotas de produção. Uma delas é a integrada, que se dá através do minério de ferro e com o uso de alto-forno e combustível (carvão). A outra é através da refusão da sucata e com a utilização de forno elétrico.
“Se usamos essa segunda rota, com energia elétrica, 100% renovável, e matéria carga metálica 100% sucata, nos aproximamos muito da neutralidade de emissões. Conseguimos chegar até aproximadamente 300kg de CO2 por tonelada de aço, o que é considerado extremamente baixo”, indica Abreu.
Para efeito de comparação, quando o aço é produzido através da rota integrada, são emitidas de 2 a 2,3 toneladas de CO2 por tonelada de aço.
– Fundo de inovação
A terceira ação da ArcelorMittal é o lançamento de um fundo de inovação, com investimento de até US$100 milhões por ano em empresas que desenvolvem tecnologias inéditas ou inovadoras que possam ajudar na transição para a descarbonização da indústria de aço e sejam comercialmente utilizadas em larga escala.
“Esse fundo visa incentivar e acelerar o desenvolvimento de tecnologias de ruptura, para que possamos romper com a forma tradicional de produzir o aço. Já existem vários trabalhos em andamento. Na empresa mesmo, há uma ampla gama de pesquisa através da área de R&D, e a estimativa é que elas comecem a ficar disponíveis a partir de 2030”, comenta o gerente-geral de Relações Institucionais e Sustentabilidade da siderúrgica no Brasil.
Ações no Brasil
Assim como no restante do mundo, a companhia no país irá trabalhar o programa XCarb™ baseado inicialmente nessas três iniciativas, mas está aberta a outras que deverão surgir a partir de seus projetos locais.
“No Brasil, temos um trabalho muito forte focado nas tecnologias existentes, como o aumento do uso de sucata e de energia renovável, gás natural e carvão vegetal. E vamos focar nisso para o horizonte de 2030”, conta Abreu. As metas nacionais de redução de emissões para os próximos sete anos devem ser divulgadas em meados de abril.
Junto com os programas já em andamento, o executivo comenta que a ArcelorMittal Brasil, que tem plantas industriais em seis estados, pode adotar no futuro algumas das tecnologias em uso nas unidades da Europa. Entre as principais, estão a Torero, de transformação de biomassa em bio-carvão para substituir o uso de carvão fóssil nos altos-fornos, e a Carbalyst, de captura de gás de alto-forno rico em CO2 para conversão em bio-etanol.
“Uma terceira, e essa muito provavelmente só de 2030 para frente, será a produção de hidrogênio verde, para que ele seja utilizado no lugar do carvão. Neste caso, o produto final não será CO2, e sim água. O segredo está em de fato produzir o hidrogênio de maneira verde, através de energia renováveis”, complementa Abreu.
A empresa tem capacidade nacional de produção anual de 12,5 milhões de toneladas de aço bruto. Desse total, atualmente, cerca de 10% são feitos com o uso de carvão vegetal.
“Ainda é difícil reduzir CO2 na produção de aço. Muita coisa já foi feita, mas as emissões ainda são grandes. Para que possam diminuir, precisamos ter tecnologia de ruptura, não tem outro jeito. Aplicando os processos existentes, chegamos a um ganho marginal; o máximo que o status quo tem condição de fornecer para o ponto de hoje”, aponta o executivo. “Mas a ArcelorMittal é extremamente desenvolvida em termos de eficiência energética. Na unidade de Tubarão (ES), por exemplo, todos os gases são recicláveis e geram energia elétrica, deixando a empresa positiva nessa área”, finaliza o executivo.
Fonte: Época
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/03/2021
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